sábado, 13 de junho de 2009

Episódios do dia-a-dia

Ranakpur - Índia 2006

Esta semana aconteceu-me um episódio que de seguida vou simplesmente relatar, sem fazer juízos de valor de nada nem de ninguém... Passo a descrever então.

Chegado ao local onde trabalho e visto que em toda a zona envolvente existem parquímetros (a funcionar), parei o carro (mesmo à porta!) e desloquei-me à máquina com a única moeda que tinha: 2 euros.

Eis que o que tinha de acontecer, aconteceu. Meto a moeda e a máquina nesse preciso momento encrava, ficando eu sem o dinheiro (que podia utilizar noutra máquina) e sem o recibo do parquímetro. Ainda tentei dar uns quantos abanões no aparelho mas aquilo não é de plástico e eu não sou o Xuazenéga (de há 20 anos atrás...). Pelas redondezas passava uma fiscal da EMEL ao qual eu relato o que se tinha passado. Ela confirma pela máquina (recém) avariada a veracidade da estória. Identifico-me, identifico o carro e ela diz-me para estar descansado, passando-me um documento assinado por ela para colocar no tablier, a "dar-me" o tempo a que teria direito se o papelinho tivesse saído.

Situação tratada e resolvida, vou então trabalhar. Passado poucos minutos telefona-me o segurança do edifício a avisar-me que a máquina já está arranjada, que o meu papelinho acabou por sair e que a senhora da EMEL fez o favor de o colocar no limpa pára-brisas do meu carro (no lado de fora do vidro, como é óbvio). Desci então para agradecer à senhora e para colocar o papel no interior do carro, não fosse algum engraçadinho retirar-me o papel.

Uma vez cá em baixo, e depois de ter feito o que queria fazer, reparo que estão duas pessoas junto ao meu carro a observá-lo a ele e a mim... Uma delas vem ter comigo e com incrível cheiro a álcool, pergunta-me:

Pessoa Alcoolizada: "Este carro é seu?"
Eu sem perceber o que se estava a passar: "Sim, é... Porquê?"
Pessoa Alcoolizada: " O senhor sabe quem eu sou?"
Eu sem perceber o que se estava a passar: "Não... E o senhor sabe quem eu sou?"
Pessoa Alcoolizada: "Não..."
Eu sem perceber o que se estava a passar: "Óptimo!...", virando as costas para me ir embora.
Pessoa Alcoolizada: "... Mas eu sou jornalista!! Não me conhece?!", berrando.
Eu, incrédulo com a situação: "Não... Não faço a mínima idéia de quem seja ou do que faça...Nunca o vi na vida, lamento. Agora com licença pois tenho de ir..."

Nisto o dito sujeito puxa da carteira e retira o cartão de jornalista, que lhe confere a carteira profissional. Olho para a pessoa com quem está (pois mesmo em silêncio dá força e apoio ao amigo) e vejo que é o jornalista da TVI, Henrique Mateus que apresenta um programa qualquer num horário qualquer, sobre futebol.

Pessoa Alcoolizada: "Eu vi toda esta situação!!!! É inacreditável!!! A senhora da EMEL tirou o papel da máquina e foi colocar-lhe no seu carro!! Eu vi tudo!! Vou já fazer uma peça jornalística sobre o que aconteceu e divulgar toda esta situação escandalosa!!", dizia a pessoa etilizada aos berros, vociferando. "Vou já identificá-lo a si e à senhora para a minha peça! Isto não fica assim! Que grande lata! Ter um fiscal privado da Emel a pôr-lhe as moedinhas por si!", continuo ele...

Entretanto, as diversas pessoas que estavam no piso zero do edifício e que tinham visto a minha situação da moeda (e que também já não tinham conseguido tirar o papel da máquina) viam e observavam incrédulas a toda aquela situação.

Eu: "Olhe, se o senhor não tivesse nesse estado e se não tivesse sido malcriado nem mal educado, até perdia algum tempo a explicar-lhe a situação e o que tinha acontecido. Mas visto que é jornalista e provavelmente será da TVI, deixo-o fazer a sua patética peça. Se quiser tem aqui várias testemunhas. Pode começar já a recolher os seus depoimentos."

Dirijo-me ao interior do edifício para ir buscar papel e caneta para anotar o nome e o número da carteira de jornalista daquele palhaço bêbado e do idiota do jornalista Henrique Mateus que também participa naquela palhaçada. Quando lhe peço novamente para ele me mostrar o cartão para anotar os dados dele, eis que me diz que "já o mostrei. Se não decorou o meu nome e o meu número, isso agora é problema seu. Ainda por cima não sabe quem eu sou..."

E é assim a vida. Tenho muita pena de não ter visto bem o nome daquela besta. Mas ficou aqui o nome do seu amigo comparsa...

Um grande abraço e bom fim-de-semana!!!! Pela primeira vez ao fim de largos meses vou ter um fim-de-semana inteiro sem trabalhar! Nem acredito!!!

Hasta!

5 comentários:

Mnemósine disse...

Aposto que se o senhor jornalista bêbado tivesse o carro parado à porta de um qualquer sitio onde tivesse de pagar mandava lá um qualquer estagiário e já achava muito bem ter criados. Como ninguém lhe faz isso acha tudo muito mal, mesmo sem perguntar nada a ninguém.
É bom o jornalismo em Portugal.

Sílvia disse...

Eu até dizia: pronto, é a TVI... Mas a sério não sei se rio se não acho piada nenhuma... Não ligues... E pessoas assim dizem-se jornalistas sérios e crediveis. Pois... claro

Bom fim de semana :)

bjo***

JOTA ENE ✔ disse...

Amigo, não te rales... julgam-se uns reis, a começar pela MMG ( a bocarras )

Abraço e bom f-d-s!

Daniel C.da Silva disse...

Eh pa Carlos, isto é do tipo Inacreditavel. Eu tenho um sentido de justiça muito apurado acho que nao conseguia ter a atitude assertiva e correcta de distanciamento que tiveste do facto.

realmente, vergonhoso. Mas o que achei curioso foi ele nao ter gostado que tu nao o tivesses reconhecido... ja no final...

olha boas ferias, amigo. nao sei que trabalho é esse mas este fds nao trabalhas. Aproveita-o bem... :)

enorme abraço

Irina A. disse...

Ando eu a saltar de blog em blog, e quem é que eu encontro??!! Áh pois é!... O Sr. Carlos :)

Fiquei muito feliz em saber que a tua Rosinha fofinha está bem :)

Beijocas ;)
Irina