segunda-feira, 8 de junho de 2009

Resultados eleitorais


Jaipur, Índia Agosto 2006

Segui atentamente a noite eleitoral de ontem, proporcionada pelos nossos diversos canais televisivos. E logo eu que não vejo televisão, ontem deu-me para aquilo... Registei e diverti-me com vários factos. O primeiro (também pelo grau de irritação que me causou) foram as comemorações do pessoal do PSD (mais concretamente a sua juventude partidária JSD). Aquela cambada de putos betos, fiéis seguidores quais "yes-man" mas de cabeças ocas, a cantarem e entoarem cânticos futebolísticos, e que em grande parte tinham o meu nome!! Devo dizer que não foram poucas as vezes que ao gritarem o meu nome, olhei para a televisão para ver o que eles me queriam...

Mas o mais engraçado e preocupante foi ver que aqueles jovens tinham todos cara e ar de atrasados mentais (sem desprimor para os mesmos) e que pareciam gostar mais de copos e da noite do que o próprio Santana Lopes, dos seus melhores tempos!

Indo à verdade dos números, também achei engraçado a maneira como nos apresentaram os resultados das votações:

PSD - 31,68% ou 1.127.128 votos.
PS - 26,58% ou 945.362 votos.
BE - 10,74% ou 381.791 votos.
CDU - 10,66% ou 379.290 votos.
CDS - 8,37% ou 297.823 votos.
Outros - 5,33%
Brancos - 4,64% ou 164.831 votos.
Nulos - 2% ou 71.136 votos.

(Nem sabem a trabalheira que eu tive para arranjar estes números, especialmente os referentes aos brancos e nulos!)

Só que esta percentagem, representa só o universo das pessoas que votaram. Ou seja, estes valores percentuais que nos venderam, representam uma percentagem da percentagem das pessoas que se deram ao trabalho de ir à sua mesa de voto. Quer isto dizer que, se abstenção foi de 62,54%, os que votaram foram somente 37,46%. E é sobre somente estes últimos valores que os resultados apresentados incidem. Mas se formos sérios e rigorosos e visto que, por exemplo o PSD teve 32% de 38%, quer realmente dizer que o PSD teve sim 11,87%! Bem longe dos valores vitoriosos da noite passada. Mas os outros também não se ficam a rir. O PS, partido que neste momento nos governa a todos, teria somente 9,96%!

Para contrariar os nossos comentadores políticos, não é preocupante deixar de haver uma bipolarização partidária neste país (até acho salutar, pois esses são os princípios básicos de uma democracia). O que é preocupante é 62% das pessoas estarem a borrifar-se e não quererem saber se 10% das pessoas tem a legitimidade ou não de mandar em todos nós!

Eu estou de consciência tranquila pois fiz o meu dever enquanto cidadão. E com isso permite-me, concordar, discordar, barafustar do que acontece por aí. Pois tal como diz o António Vitorino:

"O voto em branco exprime com maior clareza a vontade de participar mas a rejeição das alternativas", in Diário de Notícias 5 Junho 2009.

Um grande abraço e um grande beijinho a tutti!

Hasta!

8 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma vez, e assistindo às sondagens das televisões, só vi os resultados da abstenção. E os nulos? E os brancos? Isto irrita-me solenemente e dou a mão à palmatória aos que não foram às urnas. Julgo que nesta altura não acredito que se borrifem para a política mas que queiram mostrar o descontentamento e a profunda desilusão nos nossos deputados. O dever de cidadania aplica-se a muitas outras coisas que por vezes não as praticamos, a começar pelos governantes. Por isso, olhar para a percentagem de abstenção, há que reflectir e tirar conclusões sérias porque nesta altura é uma forma de protesto válida.
Já agora, obrigado pelos valores dos nulos e brancos!
Espiga

Mnemósine disse...

Pois, é como dizes. Cambada de preguiçosos.

banana disse...

Esta não é a primeira, nem a segunda vez que a abstenção é tão falada. Tão tida em conta. Tão comentada. Por sorte, ontem não esteve sol. E não reduziram a minha opção de não ir votar á errada escolha de ir para a praia. O tempo não foi o culpado. Nem a preguiça. Mais uma vez foi a minha liberdade de exercer o meu direito de escolha. Sim, é a minha forma de protesto. Sim é a minha forma de mostrar o meu desagrado com tudo. Com a política no seu geral. E não ir votar, não me vai tirar o direito, de certeza, de poder continuar a mandar vir, as vezes que me apetecer.
E tenho muita pena, que os brancos e os nulos continuem a ser minorias de que ninguem quer saber. são outras formas de protesto que respeito, da mesma forma que gostaria que respeitassem a minha.

Viva o rangel! Viva o rangel! viva o rangel! que nos deixa dizer o que pensamos no seu blog mesmo que não seja o mesmo que ele! Viva! Viva! Rangel! Rangel! Rangel!

banana disse...

"NOTA OFICIOSA DA COMISSÃO NACIONAL DE ELEIÇÔES
1. Tem circulado de forma generalizada na Internet e através de correio electrónico
uma mensagem de apelo ao voto em branco. Esta mensagem induz os cidadãos em
erro, na medida em que refere que se for obtida uma percentagem maioritária de
votos em branco a eleição dos deputados ao Parlamento Europeu, do próximo dia 7
de Junho de 2009, será anulada;
Por essa razão, um número significativo de cidadãos tem vindo a solicitar à
Comissão Nacional de Eleições esclarecimentos sobre a veracidade da informação
divulgada;
No sentido de promover o esclarecimento objectivo dos cidadãos a este respeito, a
Comissão Nacional de Eleições vem, através da presente nota oficiosa, ao abrigo da
alínea a) do nº 1 do artigo 5º da Lei nº 71/78, de 27 de Dezembro, informar o
seguinte:
- Nos termos do nº 1 do artigo 98º da Lei nº 14/79, de 16 de Maio (lei eleitoral da
Assembleia da República, aplicável à eleição para o Parlamento Europeu),
considera-se voto em branco o do boletim de voto que não tenha sido objecto de
qualquer tipo de marca;
- Em qualquer eleição, a declaração de vontade em que se traduz o voto tem que
ser feita através de uma cruz assinalada dentro de um quadrado do boletim de voto
correspondente a uma lista concorrente à eleição;
- Só a manifestação de vontade expressa dessa forma torna o voto válido para
efeitos do apuramento do número de votos recebidos por cada lista e da sua
conversão em mandatos, nos termos estabelecidos no artigo 16º da referida lei
eleitoral, de acordo com o método de representação proporcional;
2
- Assim, os votos em branco, bem como os votos nulos, não sendo votos
validamente expressos relativamente a cada lista concorrente à eleição, não têm
influência no apuramento do número de votos e da sua conversão em mandatos;
- Deste modo, ainda que o número de votos em branco seja maioritário, a eleição é
válida, na medida em que existem votos validamente expressos e que apenas esses
contam para efeitos de apuramento dos mandatos a atribuir.
A Comissão Nacional de Eleições salienta a importância do voto na eleição para o
Parlamento Europeu considerando que o sufrágio constitui o exercício de um direito
de cidadania.
2. Ao abrigo do artigo 11º do Decreto-lei nº 85-D/75, de 26 de Fevereiro, determinase
a divulgação da presente nota.
Lisboa, 2 de Junho de 2009
O Presidente da Comissão
João Carlos de Barros Caldeira
(Juiz Conselheiro)"

Rangel, mais uma vez, a usar o teu espaço.... Viva o Rangel!! :)

pelos visto, o dever cívico, para alguns juizes conselheiros é ir votar e meter uma cruz, bem visível, num dos candidatos.

Se a legislação permitisse uma anulação das eleições europeias com uma maioria de nulos/brancos eu teria ido votar, mesmo não acreditando na utupia.
mas não permite.

e cada vez mais, pretendem reduzir os votos brancos e nulos a nada. Como já chegou a acontecer. Como acontece nas presidenciais. e se calhar como irá acontecer daqui para a frente.... infelizmente.

isto pelo menos são argumentos. sua cambada de preguiçosos :)

SC disse...

A abstenção nas últimas legislativas foi de 35,74% e para o parlamento europeu foi de 61,40% (fonte CNE). Este ano subiu mas não foi muito diferente. No meu entender, as pessoas continuam a considerar, erradamente, a Europa um assunto distante. E os resultados nunca representam todo o eleitorado, apenas o que se manifestou, o que se interessa e vota (brancos e nulos incluídos). Acho, portanto, que essa tua análise não pode ser feita assim. :)

Anónimo disse...

E o que é de facto a Europa???
Grande discurso de António Barreto no dia 10 de Junho:
"[...] Há poucos dias, a eleição europeia confirmou situações e diagnósticos conhecidos. A elevadíssima
abstenção mostrou uma vez mais a permanente crise de legitimidade e de representatividade das
instituições europeias. A cidadania europeia é uma noção vaga e incerta. É um conceito inventado
por políticos e juristas, não é uma realidade vivida e percebida pelos povos. É um pretexto de
Estado, não um sentimento dos povos. A pertença à Europa é, para os cidadãos, uma metafísica sem
tradição cultural, espiritual ou política. Os Estados e os povos europeus deveriam pensar de novo,
uma, duas, três vezes, antes de prosseguir caminhos sem saída ou falsos percursos que terminam
mal. E nós fazemos parte desse número de Estados e povos que têm a obrigação de pensar melhor o
seu futuro, o futuro dos Portugueses que vêm a seguir."
Vale a pena ler todo o discurso - http://joaobarbeita.blogspot.com/2009/06/discurso-de-antonio-barreto-no-dia-10.html
Teap :)

Hugo de Oliveira disse...

Eu tive o desprazer de assistir à campanha desses sujeitos que gritavam o teu nome.. x)

Yaaaa... tu ainda és da família do Dr. Rangel!? -_-' ehehehehe


Bem... a abstenção é, e será sempre a principal inimiga das eleições, sobretudo europeias, pois as pessoas, erradamente, pensam que a Europa nao é nossa... Enfim...


abraço

Violet disse...

É triste assisitr à facilidade com que as pessoas se esquecem do que os nossos antepassados passaram para podermos, agora, alegremente, deitar o privilégio do sufrágio universal pela janela...